No país mais ansioso do mundo, é
preciso falar sobre saúde mental
No mês de setembro, é comum falar da valorização da Vida, da prevenção ao suicídio e de diversos temas que merecem a atenção de todos. Entretanto, é mais que necessário refletir também sobre a “Ansiedade”. Aliás, o Brasil ocupa o topo do ranking mundial das pessoas que sofrem com “Transtorno de Ansiedade”, além de ser um dos líderes em casos de depressão no mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Esse
contexto se intensificou nos últimos anos em razão do isolamento social por
causa pandemia da Covid-19 e da maior preocupação das pessoas em relação à
saúde, trabalho, alimentação e com o futuro. E esse quadro “ansioso” está presente
na sociedade e principalmente nas camadas mais vulneráveis. Isto é, na vida das
pessoas que não têm renda suficiente para terminar o mês, em que a alimentação
é escassa ou até mesmo para aqueles que trabalham horas por dia para garantir o
sustento do lar.
Dia
após dia, esse cenário se torna palco para incertezas e inseguranças
emocionais. Dessa forma, a Legião da Boa Vontade (LBV) atua com serviços de
fortalecimento de vínculos, ajudando famílias em situação de pobreza a lidar
com as adversidades. É por meio da escuta ativa e de uma equipe
multidisciplinar preparada que a Entidade apoia milhares de pessoas para que
consigam ressignificar suas histórias e a se reerguer diante dos desafios.
Segundo
a psicóloga e psicoterapeuta dra. Karen Scavacini, temos muitos sentimentos, e
todos eles são importantes. Em sua palestra “É possível ter saúde mental em
tempos desafiadores?” realizada durante
o 24º Congresso Internacional de Educação da LBV, a profissional
salienta que é possível, sim. Doutora em Psicologia pela Universidade de São
Paulo (USP), diretora científica da Associação Brasileira de Estudos e
Prevenção do Suicídio (Abeps), membro do Advisory Board do Centro de
Valorização da Vida (CVV) e membro do Suicide and Self Injury Advisory
Commitee, do Facebook, Karen explica que “saúde mental é conseguirmos viver
bem, ter um estado de bem-estar e reagir às coisas que nos acontecem”.
Scavacini
destacou que, nesse período de pandemia da Covid-19, as pessoas passaram por um
estado de estresse, de preocupação, de perdas, de lutos e que, por isso, não são
as mesmas de dois anos atrás, embora, nessa retomada, haja uma expectativa de
que está todo mundo se reencontrando. “Todos estamos levando cicatrizes
dessa pandemia. [Em] alguns, a ferida ainda nem cicatrizou e está muito doída,
principalmente para as pessoas que perderam alguém”, comenta.
Em
sua explanação, o recado é claro: “Está na hora de se cuidar um pouco mais”.
Inclusive, a dra. Karen enfatiza que é essencial atitudes no cuidado de si
mesmo diariamente e valorizar pensamentos e emoções na tentativa de administrar
melhor alguns incômodos ou situações mal resolvidas. O ideal é colocar o
autocuidado como hábito e buscar formas de preservar a saúde física, psíquica e
emocional.
A
psicoterapeuta ressalta ainda que é preciso identificar o momento de pedir
ajuda: “Quando começam a vir muitos
pensamentos sobre morte, quando sente que a energia foi embora, quando tem
muitos sintomas e está muito difícil de prosseguir, não tem problema em pedir
ajuda. Ninguém é fraco por pedir ajuda, pelo contrário, vai ajudar a descobrir
tanto o que está acontecendo quanto que caminhos você pode ter”.
Valorização da Vida e autocuidado
O
tema “Transtorno de Ansiedade” é trabalhado frequentemente nos serviços e
programas promovidos pela Legião da Boa Vontade em suas unidades socioeducacionais
e mais fortemente no Setembro Amarelo, nome da campanha que visa
conscientizar a população a respeito do suicídio. Conheça o trabalho da
Instituição pelo site www.lbv.org.