O primeiro lote das concessões rodoviárias do Paraná vai a leilão na próxima sexta-feira (22), com uma modelagem inédita que promete ser referência para o Brasil e vai reduzir as tarifas de pedágio ao mesmo tempo que garante as obras que vão alavancar a infraestrutura paranaense. Mas este não é o único projeto logístico capitaneado pelo Governo do Estado, que investe também na modernização dos portos, aeroportos e na ampliação da malha ferroviária para reduzir os custos de produção e aumentar a competitividade.
Os projetos buscam consolidar a “vocação logística” do Paraná, como destacou o secretário estadual da Infraestrutura e Logística, Sandro Alex, durante o evento “Paraná em perspectiva – Desafios e oportunidades”, promovido pela Gazeta do Povo. Ele participou de um painel sobre infraestrutura, ao lado de João Arthur Mohr, gerente de Assuntos Estratégicos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), e mediado pelo jornalista Marcos Tosi.
“A característica principal do Estado é a logística, por estar em uma posição estratégica na América do Sul. O Paraná tem a quinta maior população, a quarta economia e a terceira maior frota de veículos do País”, destacou Sandro Alex. “Além disso, o Paraná tem cinco das 10 maiores cidades do Sul do País, que estão posicionadas em diferentes regiões. O novo traçado das concessões rodoviárias vai passar por todas essas cidades, alcançando polos regionais que são estratégicos para o Estado e para a região”.
O novo programa de concessões foi dividido em seis lotes, com 3,3 mil quilômetros de rodovias federais e estaduais e previsão de receber cerca de R$ 50 bilhões em obras de duplicação, aumento de capacidade, contornos, viadutos, entre outros projetos. A modelagem foi construída em parceria entre o Governo do Estado e o governo federal, com ampla participação da sociedade civil e do setor produtivo paranaenses.
O primeiro e o segundo lotes, que serão leiloados, respectivamente nos dias 25 de agosto e 29 de setembro, somam mais de mil quilômetros de estradas – um terço do total do programa – e abrangem regiões importantes, como o Litoral, Região Metropolitana de Curitiba, Campos Gerais, Centro-Sul e Norte Pioneiro. “Além de todo o ganho logístico, as obras previstas para esses lotes vão gerar mais de 100 mil empregos. Somados os seis lotes, vamos empregar um número de pessoas equivalente à população da cidade de Londrina”, ressaltou o secretário.
O governo trabalha, agora, para antecipar o cronograma dos demais trechos, adiantou Sandro Alex, com a expectativa de levar para a análise do Tribunal de Contas da União ainda este ano os lotes 3 e 6. “Com o arremate desses trechos, vamos fechar todo o corredor da BR-277, com a remodelação de toda a ligação entre o Oeste e o Porto de Paranaguá”, explicou o secretário.
O gerente de Assuntos Estratégicos da Fiep afirmou que o projeto é robusto e será um divisor de águas no Estado. “O que vai a leilão é um modelo muito atrativo, que reduzirá o custo logístico do Paraná, e que foi muito bem construído. O programa foi construído dentro de um tripé que prevê redução na tarifa de pedágio, garantia de obras e muita transparência, o que é essencial dentro de um contrato de 30 anos”, acrescentou Mohr.
NOVA FERROESTE – Ao mesmo tempo em que amplia a capacidade rodoviária do Estado, o governo também trabalha no projeto da Nova Ferroeste, corredor ferroviário ligando Maracaju (MS) ao Porto de Paranaguá, com ramais que também devem ir a Foz do Iguaçu, na fronteira com o Paraguai e a Argentina, e Chapecó (SC). É o único projeto ferroviário estadual incluído no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
No total, serão 1.567 quilômetros de trilhos, passando por 66 municípios. O projeto está na fase de licenciamento ambiental pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Após ir a leilão, a empresa vencedora será responsável por executar as obras e operar a malha ferroviária por 99 anos.
A nova ferrovia amplia o traçado da Ferroeste, que foi construída na década de 1990 e opera um trecho de 248 quilômetros entre Cascavel e Guarapuava, município onde se conecta à Malha Sul. Atualmente, um contêiner refrigerado que sai de Cascavel pode levar até cinco dias de viagem para chegar ao Litoral, tempo que deverá ser reduzido para 20 horas no novo modelo, inclusive com uma nova descida na Serra do Mar.
“Para o setor produtivo, principalmente aqui no Paraná, o ramal ferroviário é muito estratégico. As características das cargas do Paraná são ótimas para serem transportadas por trens”, afirmou João Arthur Mohr. “A construção dessa ferrovia, assim como o Moegão do Porto de Paranaguá e o projeto da Malha Sul, vai tornar a indústria paranaense mais competitiva, podendo reduzir em 30% o custo logístico e reduzir em cinco vezes a emissão de gás carbônico”.
PORTO E LITORAL – Com a expectativa de execução os projetos ferroviários, o Porto de Paranaguá já prepara sua estrutura para receber as cargas que chegarão ao Litoral pelos trilhos. No centro dessa estrutura está a ampliação do Cais Leste do Porto, o chamado Moegão. O projeto executivo da obra já foi entregue, com investimento de R$ 592 milhões.
Com área total de quase 600 mil metros quadrados, o Moegão terá capacidade para descarregar simultaneamente até 180 vagões, em três linhas independentes, aumentando em 63% a capacidade do terminal. A expectativa é equilibrar o descarregamento de cargas pelo porto, com o modal ferroviário chegando a 50% da participação nas movimentações.
“O Porto de Paranaguá tem batido recordes seguindo de movimentação e foi eleito, pela quarta vez consecutiva, como a melhor gestão portuária do Brasil. Tudo isso será amplificado com a construção do Moegão, a maior obra portuária do País, que também está conectada à expansão prevista com a construção da Nova Ferroeste”, salientou o secretário Sandro Alex.
Além desse investimento, o Governo do Estado executa outras importantes obras no Litoral, mudando a cara da região. Entre elas está a Ponte de Guaratuba, que vai agilizar a travessia para a cidade, e a revitalização da Orla de Matinhos, que além de ampliar a faixa de areia e deixar a praia mais bonita e atrativa para os turistas, também conta com um projeto de drenagem para solucionar o problema das cheias no município.
AEN